Quase um milhão de crianças africanas sofrem com desnutrição aguda grave
Após dois anos de seca, quase um milhão de crianças em países do Leste do continente africano – África Oriental e Austral – sofre de “desnutrição aguda grave”. O alerta foi feito nesta quarta-feira (17/02) pelo Unicef (Fundo das Nações Unidas para a Infância).
As crianças das regiões leste e sul do continente enfrentam uma situação de falta de alimentos e de água, agravada pelo aumento dos preços, que força as famílias a pularem refeições e venderem os bens que têm para adquirir alimentos.
A “desnutrição aguda grave” é definida como fome extrema e é a principal causa de morte de crianças até 5 anos no mundo, segundo o Unicef.
Angola é um dos países que desperta a preocupação da ONU. O país tem cerca de 1,4 milhão de pessoas afetadas por condições meteorológicas extremas e cerca de 800 mil que necessitam de ajuda alimentar, a maioria nas províncias mais áridas, ao Sul do país.
A agência da ONU apelou hoje para aportes financeiros a fundos humanitários de emergência em sete países, sendo os principais de 78 milhões de euros para a Etiópia; 23,3 milhões de euros para a Angola; e 13,4 milhões de euros para a Somália.
“O fenômeno meteorológico El Niño vai diminuir, mas o custo para as crianças – muitas das quais já lutavam para sobreviver – será sentido durante anos”, disse a diretora regional da Unicef, Leila Gharagozloo-Pakkala, citada pela agência France Presse.
“Os governos respondem com os recursos disponíveis, mas esta é uma situação sem precedente. A sobrevivência das crianças depende de ações a serem tomadas hoje”, acrescentou.
Lesoto, Zimbábue e a maior parte da África do Sul declararam emergência por causa da seca.
Na Etiópia, o número de pessoas que precisam de ajuda alimentar deve aumentar este ano de 10 milhões para 18 milhões, e no Malaui a situação é a mais grave dos últimos nove anos: 2,8 milhões de pessoas, o equivalente a mais de 15% da população, estão em risco de desnutrição aguda grave.
“As estatísticas são impressionantes”, disse Megan Gilgan, consultora do Unicef. “A situação deve agravar-se ao longo deste ano e em 2017”.
O Programa Alimentar Mundial (PAM) já tinha alertado em janeiro que 14 milhões de pessoas podem ficar sem comida suficiente este ano nestas regiões da África.